/ CONTOS DE GABI

O bolo vulcão

Certa vez, uma noiva ganhou de uma confeitaria um bolo. Orientei que aceitasse o bolo de corte, mas que o de mesa deveria ser feito por outro profissional, já que ela sonhava com o famoso corte de bolo durante as fotos protocolares.

Se tem uma coisa que nossa experiência prevê é que devemos sempre minimizar os riscos.

A noiva, que já estava nos dias finais e como todas, com a verba esgotada, não quis acrescentar esse custo, tampouco substituir o bolo de mesa por um fake, mesmo sabendo que o trajeto até o local tinha muitos buracos e paralelepípedos. Pois bem…

Pouco mais de uma hora antes da festa, consegui enfim contato com a profissional responsável. Ela estava por perto, mas aflita. Quando desci a escada para recebê-la, dei de cara com uma cena desesperadora: o segundo e o terceiro andar do bolo haviam cedido, tomando a forma de um vulcão.

Não havia tempo para sufocar a noiva com aquela notícia, nem expor a fornecedora, que também seria convidada. Sugeri que ela se adiantasse e, imediatamente, liguei para outra confeiteira pedindo socorro. Mesmo após alegar que não poderia, insisti: eu precisava de um bolo, imediatamente, de isopor, mas espatulado com chantininho real, já que a noiva não deveria passar pelo pavor de não ter um bolo na mesa ou achar que algo havia dado errado.

Assim fizemos. Pedi que meu assistente fosse ao encontro dessa nova confeiteira, que já tinha uma bagagem de experiência, e ele voltou com o bolo em mãos. Eu finalizei com flores e o resultado ficou um mimo!

Após a cerimônia, a noiva estava encantada com tudo, e, durante as fotos protocolares, ansiosa para cortar o bolo, que tinha todas as características de um verdadeiro bolo, eu apenas disse: “Sorria, simule, mas não corte”. Ela não entendeu, mas confiou e acatou.

Logo depois, curiosa, ela me questionou o motivo de não poder cortar. Eu disse: “Venha ver seu bolo”. A levei até a cozinha e sua expressão foi de susto, seguida de alívio. Mesmo não acontecendo como era seu desejo, ela teve um bolo lindo na mesa, todos se encantaram, e o bolo de corte foi servido sem que ninguém imaginasse o quanto ele havia sobrevivido.

Moral da história: Não existe evento sem contratempo. O que existe é um evento bem assessorado, ou não.

Deixe seu comentário:

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Gabriela Sena – Cerimonialista | © 2025 – Todos os direitos reservados.

CNPJ: 57.073.864/0001-50

– feito por @aligialins –