A debutante tinha uma mãe super jovem, vaidosa e antenada com as atualidades, que sonhava em abrilhantar a festa tanto quanto a filha. Era uma mãe participativa em todas as etapas e fazia malabarismos na agenda para dar conta de tudo. Escolhemos os vestidos da família em uma das lojas mais badaladas da região. O da debutante, inclusive, era um modelo 3 em 1.
Já a mãe foi a única que não fechou nesta loja. Ela optou por confeccionar o vestido em um ateliê de bairro, cujo trabalho já acompanhava há algum tempo. Nunca foi a minha opção. Eu acreditava que ela deveria seguir com uma produção mais seletiva. Mas ela insistiu em manter a escolha e, como previsto, a profissional não entregou na data combinada, prorrogando o prazo até o próprio dia do evento.
Após inúmeras tentativas de contato, decidi ir pessoalmente ao ateliê, enquanto essa mãe estava com as filhas e a própria mãe cuidando da produção. Para nossa surpresa, o vestido estava pronto!
Ops, pelo menos achávamos que sim. Ao experimentar, vimos que estava com as medidas erradas. Sem alternativas, peguei uma tesoura, cortei bravamente as costas do vestido (da nuca até a cintura) e colei com fita dupla face. Disse a ela: “Mantenha a postura e a pose, que ninguém vai perceber”. E assim, como um verdadeiro manequim, ela atravessou a noite e as fotos protocolares plena, numa postura de dar inveja. Só eu e mais duas pessoas sabíamos do ocorrido.
Não havia muito o que fazer: estávamos em um sítio, distante da área urbana, e nenhuma das lojas com que entrei em contato atendia naquele fim de noite. Para completar, a sugestão de uma pessoa da família era que ela usasse um vestido de malha floral, totalmente fora do dress code da festa e da paleta escolhida.
Hoje, ao lembrar dessa missão, as risadas vêm fácil. Mas naquele momento só me restavam duas alternativas: frustrar um sonho ou tentar o improvável 😅
O resultado você já sabe: o improvável aconteceu e boas memórias ficaram. No fim, ela conseguiu se soltar e curtir a noite com leveza.